24 de setembro de 2011

As florzinhas de São Francisco Capítulo 32

Como Frei Masseo impetrou de Cristo a virtude da santa humildade. 

Os primeiros companheiros de São Francisco se empenhavam com todo esforço por ser pobres das coisas terrenas e ricos de virtudes, pelas quais se chega às verdadeiras riquezas celestiais e eternas. 
Um dia, aconteceu que, estando eles recolhidos juntos a falar de Deus, um deles contou este exemplo: “Houve um que era grande amigo de Deus, e tinha grande graça de vida ativa e de vida contemplativa, e apesar disso tinha uma humildade tão grande que se achava grandíssimo pecador. Essa humildade o santificava e confirmava na graça e fazia com que crescesse continuamente em virtudes e dons de Deus, e nunca o deixava cair em pecado”. 
Ouvindo Frei Masseo coisas tão maravilhosas sobre a humildade e conhecendo que ela era um tesouro da vida eterna, começou a ficar tão inflamado de amor e de desejo dessa virtude da humildade que, levantando o rosto para o céu com grande fervor, fez voto e o firme propósito de nunca se alegrar neste mundo até que sentisse perfeitamente essa virtude em sua alma. E daí em diante estava quase continuamente fechado na cela, macerando-se com jejuns, vigílias, orações e prantos muito grandes diante de Deus, para impetrar dele essa virtude, sem a qual ele se reputava digno do inferno e da qual era tão dotado aquele amigo de Deus de quem ele ouvira falar. 
Quando já fazia muitos dias que Frei Masseo mantinha esse desejo, aconteceu que um dia ele entrou no bosque, e andava por ele em fervor de espírito, soltando lágrimas, suspiros e vozes, pedindo com fervente desejo a Deus essa virtude divina. 
E como Deus ouve de boa vontade as orações dos humildes e contritos, estando assim Frei Masseo, veio uma voz do céu que o chamou duas vezes: “Frei Masseo, Frei Masseo!”. Ele, conhecendo por espírito que aquela era a voz de Cristo, respondeu: “Meu Senhor!”. E Cristo: “Que queres dar tu para ter essa graça que pedes?”. Respondeu Frei Masseo: “Senhor, quero dar os olhos da minha cabeça”. E Cristo a ele: “E eu quero que tu tenhas a graça e também os olhos”. Dito isso, a voz desapareceu. E Frei Masseo ficou repleto de tanta graça da virtude desejada da humildade e da luz de Deus, que daí em diante estava sempre em júbilo. E, muitas vezes, quando ele orava, soltava um som como de pomba, em júbilo: U U U, e com o rosto alegre e o coração em festa assim ficava em contemplação. E com isso, tendo-se tornado muito humilde, tinha-se como o menor de todos os homens do mundo. 
Interrogado por Frei Tiago de Fallerone, porque em seu júbilo dizia sempre a mesma coisa, respondeu com grande alegria que, quando se encontra todo o bem em uma coisa, não é preciso mudar. 
Para o louvor de Jesus Cristo e do pobrezinho Francisco. Amém. 

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