27 de julho de 2011

A preocupação de Dom Manoel Pestana

“Que te adianta recitar meus preceitos
e ter minha aliança na boca,uma vez que detestas a disciplina e rejeitas as minhas palavras?Se vês um ladrão, tu corres com ele,e junto aos adúlteros tens a tua parte;abres tua boca para o mal,e teus lábios tramam a fraude.Sentas-te para falar contra teu irmão,e desonras o filho de tua mãe.Assim te comportas, e eu me calaria?Imaginas que eu seja como tu?Eu te acuso e exponho tudo aos teus olhos.Considerai isto, vós que esqueceis a Deus,senão eu vos dilacero, e ninguém vos libertará!
- Salmo 50, 16-22
http://www.santamariadasvitorias.com.br/img/dom-pestana.jpgNo próximo dia 11 completará um ano a carta enviada por Dom Manoel Pestana aos bispos do Brasil, sobre a situação da Igreja na América Latina. O texto é pequeno, mas as observações são valiosíssimas. A expressão preocupada do até então bispo emérito de Anápolis é dolorosa. “Assusta-me a corrupção dentro da Igreja, o desmantelamento dos seminários, a maçonização de Cúrias e Movimentos”, revelava, na ocasião, Dom Manoel.

Esses fatos que assustavam a este bispo tão corajoso são as mesmas realidades que fazem os filhos fiéis da Igreja de Deus menear a cabeça… Como andam “modernas” as nossas igrejas… e como estão vazias! Como andam “atuais” as homilias dos padres… e como são desinteressantes! Como andam “adaptadas ao espírito moderno” as nossas Missas… e como está o povo perdendo o respeito ao sagrado! De que serviram para a promoção de uma autêntica evangelização tantos esforços em se “adaptar” o conteúdo da doutrina da única Igreja de nosso Senhor aos nossos tempos? Por acaso criamos comunidades mais fiéis ao Papa, mais devotas a Nossa Senhora ou mais amantes da Eucaristia?

Não, a verdade é que o Transcendente vem sendo totalmente deixado de lado, em nome de uma malfadada preocupação com o “social”, com o “pobre”, com o “oprimido”, com o “explorado”… Nada de falar da opressão do pecado, do domínio que Satanás exerce sobre um número assustador de almas, do perigo de nos afastarmos do sacramento da Penitência, ou da necessidade de adorar o Santíssimo, abandonado nos sacrários de muitas igrejas… Porque isto é coisa antiga, ultrapassada, que não se usa mais, que se acha “fora de moda”.

Loucos os padres que defendem tal disparate! Loucos os leigos que seguem essa asneira! Loucas as autoridades que esqueceram que o fim do sacerdócio, meu Deus, é salvar as almas! “Os lucros dos padres – lembra São João Bosco –devem ser as almas e nada mais”. Mas, quê?! A cada dia que passa, o que se vê é o desleixe para com Jesus Eucarístico, o desprezo para com a Liturgia, a indiferença diante de um pedido de benção, os maus conselhos distribuídos em momentos nos quais deveriam acontecer verdadeiros encontros com o Senhor.
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“Se você foi colocado no palácio real, se você foi colocado no seminário, se você foi colocado no sacerdócio, se você foi coroado de glória e de esplendor no dia da sua ordenação… Com vestes de rei! Revestido de casula, ungido como um rei…! Se você é rainha, como Ester, se você é rei, Sacerdote do Altíssimo, é porque Deus quer usar você para a salvação do seu povo. Se você, víbora perversa, trair esta vocação, Deus salvará o seu povo sem você; e você perecerá.
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E o silêncio com relação à Maçonaria é mais que assustador. Desde sempre esta pestilenta associação foi condenada pela Igreja; de Clemente XII até Pio XII praticamente nenhum Papa se eximiu de proscrevê-la. Em 1983, o Cardeal Joseph Ratzinger – hoje glorioso Bento XVI – reiterou a postura negativa da Sé Católica em relação às associações maçônicas. No entanto, tudo isto, segundo alguns teólogos liberais adeptos da hermenêutica da ruptura, caiu no ostracismo, já que, usando uma expressão que você certamente já ouviu, “o Concílio Vaticano II escancarou as portas da Igreja para o mundo”.

Nesta mania feia de traduzir o Vaticano II não pela ótica infalível da Tradição de dois mil anos da Igreja, mas sim pelo que os inimigos da Igreja chamam de “espírito do Concílio”, as portas da Igreja foram “se escancarando”… A consequência? “Por alguma brecha – declarou certa vez o Papa Paulo VI – a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus: existe a dúvida, a incerteza, a problemática, a inquietação, o confronto.”

As tristes conclusões tiradas por Paulo VI há quase 40 anos atrás ganham eco nas palavras preocupadas e aflitas de Dom Pestana (os termos usados são fortes): “Horroriza-me a frieza com que olhamos tal estado de coisas. Somos pastores ou cães voltados contra as ovelhas? Somos ou não, além disso, cúmplices de uma política ateia empenhada em apagar os últimos traços da nossa vida cristã?”

As perguntas de Dom Pestana servem para que todos os católicos brasileiros – bispos, padres, diáconos e leigos – reflitam… Será que estamos nos preocupando com aquilo que é realmente importante – isto é, a glória do Altíssimo, a edificação da Igreja e a salvação das almas?
É preciso – mais do que nunca – pensar seriamente nisto.


                                                                                         (fonte: http://beinbetter.wordpress.com)

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