14 de junho de 2012

Discernimento vocacional...

O que farei de minha vida?...
Faz pouco tempo conheci Beto, jovem de 20 anos, no meio de uma reunião da Pastoral de Juventude. Depois de certo tempo, disse-me:
- Gostaria de conversar com você. Pode ser amanhã de manhã?
- Pode!

A conversa foi rápida, quase monossilábica, como convinha naquele local, cheio de gente jovem.  
No dia seguinte e na hora marcada Beto lá estava. E me perguntou:
- Como eu posso saber o que Deus quer de mim?...


Acho fantástica essa pergunta. Que coragem! Essa e outras perguntas semelhantes inquietam a não poucos jovens. Eles querem se colocar a serviço dos outros na Igreja. Mas como, onde, quando?...
Primeiro: nada de precipitações. Segundo: É preciso conversar com alguém que possa realmente ajudar, antes de tomar uma decisão. Terceiro: é preciso orar e discernir.

Discernimento é palavra mágica e uma das maiores responsabilidades da nossa pastoral. Como perceber e seguir os apelos de Deus que age no meio de nós?


Na Pastoral Vocacional não é suficiente apenas o discernimento do candidato, mas também  é necessária a aprovação pelo responsável da Igreja ou da Congregação que olha a retidão das motivações como as aptidões requeridas. O verdadeiro discernimento tem em conta a intervenção do Espírito de Deus na vida do candidato e as qualidades necessárias para esse estilo de vida.


Há, pois, um duplo discernimento: o da pessoa que busca e o da instituição que acolhe. Só quando há sintonia entre ambas se pode confirmar a decisão vocacional. O chamado interior pessoal precisa ser confirmado em nome da Instituição que também é movida pelo Espírito de Deus.


Na procura vocacional pode-se errar de duas formas:
  • Por querer o que não se pode, isto é quando as atitudes concretas não correspondem ao que se diz pretender;
  • Por não querer o que se pode concretizar. Se não há motivação vocacional é impossível concretizá-la!
O chamado de Deus respeita a natureza humana: Quod natura non dat, Salmantica non praestat; Deus não força a natureza humana e não faz o que esta não consegue realizar. Por isso, é preciso integrar palavra e vida, liberdade e vivência de valores humanos e cristãos.

Este processo de checagem se realiza na vida intelectual, afetiva, social, moral e espiritual das pessoas. As escolhas que fazemos no presente condicionam certamente a escolha final. O discernimento vocacional converge, pois, sobre um ponto essencial: os valores. Daqui, a importância fundamental das “motivações válidas”.


As motivações válidas e dominantes inspiram a escolha desta ou daquela vocação. São os motivos pessoais para escolher tal ou qual modo de viver; integram a pessoa e garantem a pertença a uma instituição. Evidentemente, as motivações conscientes, humanas e sobrenaturais, são fundamentais. Quando motivações inconscientes inadequadas acompanham uma motivação consciente apropriada, é mínimo o fracasso de insucesso vocacional.


Optar por uma vocação é aceitar também suas exigências. Por isso, é preciso comprovar se o “eu” profundo consegue vivencias os valores evangélicos propostos. Todo candidato à vida consagrada, antes de chamar à porta de uma instituição, deve apresentar pelo menos alguns destes sinais vocacionais:
Intenção reta e evangélica (Experiência pessoal de Deus, oração com a Palavra e vida sacramental frequentes) e atitudes coerentes (Zelo apostólico, facilidade de convivência, castidade, bom senso, solidariedade com os necessitados...)

Se alguém é assim ou deseja viver assim, pode ser que o Senhor o chame para a vida consagrada, como padre, irmão ou irmã. Por que não parar um pouco e pensar mais sobre isso?


Uma pergunta: 
Quais as motivações conscientes que você tem para ser padre, irmão ou irmã?
Por Pe. J. Ramón F. de la Cigoña sj
Terra Boa

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