11 de fevereiro de 2011

Rádio Vaticano comemora 80 anos neste sábado


 
O cientista italiano Guglielmo Marconi (o segundo a partir da esquerda) e o Papa Pio XI, na inauguração da Rádio
A história do rádio é antiga. Começa em 1893, quando o padre, cientista e engenheiro gaúcho Roberto Landell de Moura testa a primeira transmissão de fala por ondas eletromagnéticas, sem fio. Dois anos mais tarde, o cientista italiano Guglielmo Marconi realizou testes de transmissão de sinais sem fio em uma distância de 400 metros e depois de dois quilômetros. Marconi também descobriu o princípio do funcionamento da antena. Passando à frente do brasileiro, Guglielmo registra em 1896 a patente da invenção do rádio.



Prestigiado por ter o registro de tal façanha e aproveitando o encantamento do mundo com essa nova maneira de se comunicar, Marconi é convocado pelo Papa Pio XI para implementar uma rádio nas dependências do Vaticano, que teria como principal objetivo falar livremente, mesmo além das fronteiras do Vaticano, principalmente sobre os perigos do totalitarismo.

Segundo relatos da época, aquele dia 12 de fevereiro de 1931 foi marcado pela ansiedade, nervosismo e medo. Marconi estava angustiado pois não sabia ao certo se o pedido do Pontífice funcionaria a contento. Porém, Pio XI chegou e, num gesto carinhoso, sorriu, colocou a mão no ombro do cientista e, de uma maneira paternal, lhe deu um abraço.

Logo após, em seu discurso, Marconi diz: "Tenho a honra de anunciar que, em questão de apenas alguns segundos, o Sumo Pontífice, Papa Pio XI, vai inaugurar a Estação de Rádio do Vaticano. As ondas do rádio elétrico vão transportar para todo o mundo as suas palavras de benção e paz".

Às 16h49 ouve-se, então, as primeiras palavras do Papa na rádio. Pio XI escreveu o texto em latim que dizia: "Ouça, ó céus o que digo! Escute, ó terra, as palavras que vem de minha boca. Ouçam, povos de terras distantes".

E se ouviu mesmo. No dia seguinte, o jornal inglês "The News Chronicle" estampava em sua primeira página: "Pela primeira vez, a voz de um Papa foi ouvida em Londres e por milhões de outros fiéis no mundo. Cerca de 3.500 católicos estavam em frente à Catedral de Westminster à espera de ouvir a voz do pontífice". Já o editorial do "The New York Times" classificou a transmissão como "um milagre da ciência e, não menos, um milagre de fé".

Desde então, a Rádio Vaticana vem prestando serviços importantes a todos os tipos de pessoas. Durante a II Guerra Mundial, enviou cerca de 250 mil mensagens a prisioneiros escritas por suas famílias. Na Guerra do Kosovo, prestou este mesmo tipo de auxílio em apoio às vítimas do conflito.

Atualmente, ela é de grande ajuda para aqueles que não podem praticar livremente sua fé. Segundo o diretor da Rádio, Padre Federico Lombardi, "hoje existem países de origem muçulmana no Oriente Médio onde os católicos são trabalhadores estrangeiros e não tem sequer a oportunidade de ir à igreja ou ouvir o catecismo e, por esse motivo, a transmissão da missa em inglês ou outra língua é um grande serviço prestado pela rádio".,

O conteúdo do site da Rádio é preparado em 38 idiomas, muitos deles minoria, como a Somali ou Urdu. Nos programas de rádios são utilizadas, regularmente, 45 línguas. Este cuidado é para que todos se sintam mais próximos ao Sumo Pontífice. "As notícias são elaboradas em diversos idiomas para levar a voz do Papa e da Igreja a diferentes culturas",comenta o Padre Lombardi. Fazem parte do quadro de funcionários da emissora 355 pessoas de 59 nacionalidades diferentes, sendo a maioria leigos.

Para comemorar os 80 anos da Rádio Vaticana, uma série de eventos está sendo programada, entre eles uma exposição no Museu do Vaticano e a publicação de um livro com os principais momentos da radiotransmissora.

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