
O pedido de Jesus “Ide por todo mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15) continua a ressoar no coração de jovens que deixam suas terras, às vezes suas pátrias, para levar a boa nova anunciada por Cristo a outros povos.
Com o surgimento dos movimentos eclesiais e das novas comunidades, a experiência missionária, que antes era característica apenas das grandes ordens e congregações religiosas históricas, tem se tornado cada vez mais atraente para a juventude.
Mas a pergunta que não se cala é: o que de fato leva alguém em plena juventude a buscar lançar redes em águas mais profundas? Alguns desses missionários partilharam sua experiência com o site Jovens Conectados.
Desafios

Natural de Ubá (MG), Joicy embarcou, em 2009, para Budapeste, com mais quatro irmãos de comunidade para iniciar um trabalho missionário na Hungria. Ela explicou que a primeira atividade para a implantação da comunidade no país é a inculturação. "Estamos estudando a língua local (húngaro) e conhecendo o máximo que podemos da cultura do país. Sabendo, também, que é preciso de muito tempo para isso, especialmente em países onde a aprendizagem do idioma é mais difícil, como aqui na Hungria", explicou.
Quanto à juventude húngara, a jovem missionária recordou que o país deixou de ser comunista há apenas 20 anos e, por isso, as pessoas estão abertas a novidades e a comunicação. "Mas também é um grande desafio, porque os jovens querem conhecer tudo o que é novidade, inclusive o que não é bom", ressaltou.
A missionária respondeu com convicção sobre o que leva um jovem a deixar tudo para anunciar o Evangelho num país distante. “É a intensidade, a força do chamado de Cristo”, garantiu, completando que “qualquer jovem que faz esta experiência deseja dar sua vida a Jesus através do testemunho de Cristo entre os povos”.
Multiculturalismo

Ela destacou que Toronto é uma cidade muito marcada pelo multiculturalismo. “Encontro com jovens de todas as partes do mundo, com crenças diversificadas, mentalidades diversas, religiosidades distintas. O próprio multiculturalismo torna-se uma oportunidade para anunciar a Boa Nova”, garantiu.

Nove meses depois, Michele foi designada para a cidade francesa de Avignon, onde está até hoje. “Temos um público ainda mais delicado nessa missão: jovens muçulmanos, mas que conversam conosco, interagem dentro de seus limites e aberturas e nos permitem até falarmos de fé de vez em quando."
De acordo com Michele, falar de fé com os franceses, não é uma tarefa tão fácil. “Eu me deparei com um povo resistente, questionador a tudo e a toda iniciativa de nossa parte. Os jovens são em sua maioria ateus, pois já herdam de seus pais a descrença e o sentimento de que tudo possuem e não precisam de nada, nem de Deus”. Por outro lado, ela garante que aqueles que são católicos se engajam verdadeiramente na Igreja.

O Brasil continua a atrair missionários
Da mesma forma que jovens deixam o Brasil para a missão em outros países, muitos estrangeiros sentem-se chamados a anunciar o Evangelho em terras brasileiras.
Benoit Tertrais, de 24 anos, é seminarista da Diocese de Lyon, França, e membro da Comunidade Emanuel. O francês está há quase um ano e meio em Salvador (BA). “Sou diretor do reforço escolar da paróquia, que acolhe umas 60 crianças carentes que têm entre 7 e 11 anos”, explicou Benoit, que também é professor de matemática no curso pré-vestibular da paróquia, além de acompanhar vários grupos e atividades pastorais da paróquia.
O jovem francês foi enviado ao Brasil pela Fidesco, ONG de solidariedade internacional, ligada à Comunidade Emanuel, que recruta, forma e envia voluntários para os países, onde realizam projetos de desenvolvimento, na ajuda às populações locais ou em ações humanitárias.
Para Benoit, o que motiva os jovens a partirem em missão é a vontade de anunciar Jesus e fazê-Lo amado por todos. “Ele mudou a minha vida. Então não posso guardar para mim só este amor infinito”, relatou.
Jovialidade do catolicismo brasileiro é esperança para nova evangelização
No ano passado, o arcebispo de Lyon, cardeal Philippe Barbarin, visitou o Brasil para conhecer de perto o trabalho de novas comunidades brasileiras com as quais teve contato na França, como as comunidades Palavra Viva, Shalom e Recado. Na ocasião ele recordou que o Papa Bento XVI havia criado recentemente o Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, ressaltando que “a Europa, que é uma velha terra cristã, precisa de uma nova evangelização”.
O arcebispo também lembrou que existem raízes cristãs profundas na Europa, que evangelizaram o mundo no passado. “Mas hoje a Europa está cansada ou dormindo. Então, é a juventude que desperta. Eu acredito que a juventude da Igreja é o Cristo”, disse.
“Quando nós decidimos vir ao Brasil, não viemos procurar um método. Nós queremos ver um povo que transmite essa juventude de Jesus. Não é para imitar o Brasil, mas para encontrar na evangelização brasileira uma nova fonte de alegria”, enfatiza o arcebispo, completando que deseja que os brasileiros possam ir à França, “para renovar a Igreja francesa, dando sua juventude e sua alegria, dar novamente o Cristo”.
E você, já pensou em anunciar Jesus Cristo em outro país? Conhece alguma experiência de missionariedade?
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