6 de setembro de 2011

As florzinhas de São Francisco Capítulo 1.


Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo crucificado e de sua Mãe Virgem Maria. Neste livro estão contidas algumas florinhas, milagres e exemplos devotos do glorioso pobrezinho de Cristo, monsior São Francisco e de alguns dos seus companheiros. Para louvor de Jesus Cristo. Amém. 

Em primeiro lugar devemos considerar que o glorioso monsior São Francisco foi conforme a Cristo bendito em todos os atos de sua vida: porque, como Cristo no começo de sua pregação escolheu doze Apóstolos para desprezarem todas as coisas mundanas, para segui-lo em pobreza e nas outras virtudes; assim São Francisco escolheu, desde o começo da fundação da Ordem, doze companheiros que possuíam os tesouros da altíssima pobreza. E como um dos doze Apóstolos, que se chamou Judas Iscariotes, apostatou do apostolado, traindo a Cristo, e se enforcou pela garganta; assim um dos doze companheiros de São Francisco, que se chamava Frei João da Capela, apostatou e no fim se enforcou pela garganta. E isso é um grande exemplo para os escolhidos, e matéria de humildade e de temor, considerando que ninguém tem a certeza de que vai perseverar até o fim na graça de Deus.
E como aqueles santos Apóstolos foram, para todo mundo, maravilhosos de santidade e humildade, e cheios do Espírito Santo; assim aqueles santos companheiros de São Francisco foram homens de tanta santidade que, desde o tempo dos Apóstolos para cá, o mundo não teve homens tão maravilhosos e santos: pois um deles foi arrebatado até o terceiro céu, como São Paulo, e esse foi Frei Egídio; um outro deles, isto é, Frei Filipe Longo, foi tocado nos lábios pelo Anjo, com o carvão do fogo como o profeta Isaias; outro deles, isto é, Frei Silvestre, que falava com Deus como um amigo com o outro, do jeito que fez Moisés; outro voava, pela sutileza da inteligência até chegar à luz da divina sabedoria como a águia, isto é João Evangelista, e esse foi Frei Bernardo, humílimo, que expunha com profundidade a Escritura santa; um deles foi santificado por Deus e canonizado no céu quando ainda vivia no mundo, e esse foi Frei Rufino, gentil homem de Assis; e assim foram todos privilegiados por singular sinal de santidade, como se declara no que vem a seguir. 


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