19 de fevereiro de 2012

João Paulo II, o "Comunicador"

Breve revisão da contribuição teórica e prática do Papa no final do campo da comunicação na Igreja
João Paulo II era um comunicador, cuja principal contribuição na área de comunicação era o seu sinal de testemunho credível da fé

No contexto da beatificação de João Paulo II, a partir de 1 de maio de 2011, o presidente do sindicato dos jornalistas Roman, Bartolini Romano, pediu a Bento XVI que o novo Beato fosse declarado padroeiro dos jornalistas. Em torno do mesmo tempo, embora em outro contexto, um grupo em Facebook expressava o mesmo desejo.

Não era um grupo qualquer na rede social, mas um formado após o inédito "Vatican Blog Meeting", organizado em torno do mesmo tempo pelo Conselho Pontifício para a Cultura e das Comunicações.

Seja ou não uma eventual declaração como "padroeiro dos jornalistas", os dois eventos referidos evidenciavam o reconhecimento de uma característica do Papa: João Paulo II como "Comunicador".

Indiscutivelmente, como comunicador, o pontificado de João Paulo estava sempre em duas linhas paralelas, mas complementares: a da teoria e a prática.

Comunicador teórico

Conceitos agora amplamente citado em ambientes relacionados à comunicação social da Igreja foram originalmente iniciados por João Paulo II. Pense nos areópagos novos "referido na encíclica Redemptoris Missio de 1991 ou nas aplicações de uso pastoral específicas dos meios de comunicação contidos em outros documentos.


Um tal documento, o último da vida do Papa, abordou precisamente o tema do rápido desenvolvimento das tecnologias no campo dos meios de comunicação. Se trata da Carta Apostólica: "O rápido desenvolvimento dos
meios de comunicação social" de 24 de janeiro de 2005, dirigida aos responsáveis ​​pelas comunicações sociais. Três meses depois, João Paulo II, faleceu. A carta foi um dos principais documentos pontifícios específicos nessa área de atuação e reflexão do ensino da Igreja. O mensagem transmitida claramente foi:

"A Igreja, na verdade, não está vinculada apenas a usar a mídia para difundir o Evangelho, mas especialmente hoje, mais do que nunca, para integrar a mensagem de salvação à "nova cultura" que estes poderosos meios de comunicação criam e amplificam. A Igreja adverte que o uso de técnicas e tecnologias de comunicação contemporâneos são parte de sua missão no terceiro milénio."

E abaixo está o documento referido à fé e a mídia:

"Nos meios de comunicação, a Igreja encontra um excelente apoio para difundir Evangelho e os valores religiosos, para promover o diálogo e a cooperação ecuménica e interreligiosa, assim como para defender princípios sólidos que são indispensáveis ​​na construção de uma sociedade respeitadora da dignidade humana e do bem comum. A Igreja os utiliza também para divulgar as informações sobre si mesma e para expandir as fronteiras da evangelização, da catequese e da formação, considerando a sua utilização como uma resposta ao mandato do Senhor: "Ide por todo o mundo e pregai a Boa Nova a toda criatura "(Mt 16, 15)."

Certamente esse não foi o único documento onde o pensamento do Papa foi refletido. João Paulo II abordou tematicamente as poucas áreas da "mediologia das massas" e sua relação com outros campos do esforço e da vida humana e eclesial nas mensagens anuais para Jornada Mundial para as Comunicações Sociais (JMCS). Segue abaixo um resumo cronológico das JMCS:


1979. Comunicações Sociais da proteção e promoção da infância na família e na sociedade (XIII JMCS)

1980. Papel das Comunicações Sociais e Incumbências da família (XIV JMCS)

1981. As Comunicações Sociais a serviço da liberdade responsável do homem (XV JMCS)

1982. Envelhecimento e Mídias (XVI JMCS)

1983. A Promoção da Paz (XVII JMCS)

1984. Comunicações Sociais, instrumento de encontro entre fé e cultura (XVIII JMCS)

1985. Comunicações Sociais para o desenvolvimento da Juventude (XIX JMCS)

1986. A contribuição que as Comunicações Sociais podem dar à formação cristã da opinião pública (XX JMCS)

1987. Comunicação Social a serviço da justiça e da paz (XXI JMCS)

1988. "Comunicar" torna-se "confraternizar", "Comunicar" significa "Solidariedade Humana" (XXII JMCS)


1989. Religião nas mídias (XXIII CMA)

1990. A nova cultura informática (XXIV JMCS)

1991. Volta à mensagem central da Communioet Progressio (XXV JMCS)

1992. O que é comemorado nas JMCS? (XXVI JMCS)

1993. Visão do mundo moderno que a instrução  pastoral Aetatis Novae apresenta e as implicações práticas das situações descritas (XXVII JMCS)

1994. A Televisão (XXVIII CMA)

1995. Cinema, transmissor de culturas e valores (XXIX JMCS)

1996. Meios de Comunicação Social: areópago moderno para a promoção da mulher na sociedade (XXX JMCS)

1997. Comunicar Jesus: o Caminho, a Verdade e a Vida (XXXI JMCS)

1998. Movidos pelo Espírito Santo comuniquemos a Esperança (XXXII JMCS)

1999. A mídia de massa, presença amiga para aqueles que procuram o Pai (XXXIII JMCS)

2000. Proclamar Cristo nas mídias sociais: A alma do terceiro milênio (XXXIV JMCS)

2001. Anunciar de cima dos telhados: o Evangelho na era da comunicação global (XXXV JMCS)

2002. Internet um novo foro para a proclamação do Evangelho (XXXVI CMA)

2003. Os meios de comunicação a serviço da autêntica paz à luz da "Pacem in Terris" (XXXVII JMCS)

2004. As mídias na família: um risco e uma riqueza (XXXVIII JMCS)

2005. Os meios de comunicação a serviço da compreensão entre os povos (XXXIX JMCS)

Foi durante o pontificado de João Paulo II que uma das unidades a Santa Sé, precisamente aquela dedicada aos meios de comunicação, passou de "Pontifícia Comissão para as Comunicações Sociais" para "Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais". Desta forma a Igreja conta com um dicastério especificamente reconhecido e dedicado "às questões relacionadas a ferramentas de comunicação social, para que, também por meio deles a mensagem de salvação e progresso humano possam servir para aumentar a civilização, cultura e os costumes. "

Enquanto órgão para servir a missão do Papa, são muitos os argumentos que este Departamento em particular tem desempenhado no campo da comunicação, especialmente durante o pontificado de João Paulo II. Com seu trabalho como o Pontifício Conselho e o forte apoio do Vigário de Cristo, houve uma grande contribuição para o magistério da Igreja sobre temas tão diversos como a comunicação publicitária, ética da comunicação ou a própria Internet. Foi, de fato, João Paulo II que tocou pela primeira vez no tema da internet na Mensagem para XXXVI JMCS de 2002, "Internet, um novo fórum para a proclamação do Evangelho."

Comunicador Prático


Apesar da rica e ampla parte "teórica", não foi somente isso. Recordar que não só "falou" da Internet, mas foi o primeiro Papa a enviar um e-mail, diz muito; lembrar que foi precisamente ele quem deu o seu " nihil obstat", seu "sim" à proposta da irmã Judith Zoebelein para lançar em 1995 a primeira web oficial católica do mundo, Vatican.va (antes mesmo do site do Estado italiano, quando a rede mundial de computadores estava começando a globalizar), é eloquente; lembrar que João Paulo II registrou um CD que atingiu o "hit parade" da música internacional e foi um sucesso de vendas (Abba Pater) não é nada menos que incrível. Wojtyla foi o Papa que em 1983 impulsionou a fundação do Centro Televisivo Vaticano.

Estes e muitos outros gestos foram constantes em seu 26 anos de pontificado. Na verdade, o seu ministério como Sucessor de São Pedro começou com uma proximidade com os informadores. Poucos dias após sua eleição, João Paulo II quis reunir e expressar sua gratidão aos jornalistas e operadores do setor audiovisual que fizeram a cobertura do conclave e o início de seu pontificado. Se inaugura assim uma nova forma de ligação entre o bispo de Roma e do mundo das mídias, uma relação posteriormente reforçada pelas entrevistas que o mesmo Papa deu aos jornalistas que o acompanham nas suas viagens apostólicas e visitas de Estado a diferentes partes do mundo e agora, com Bento XVI, continuam constantes.

Sua produção literária abundante não se limitou ao papel específico como o Vigário de Cristo competia. Como comunicador de idéias, escreveu e publicou cinco livros de caráter pessoal: em outubro de 1994, Cruzando o Limiar da Esperança; em Novembro de 1996, Dom e Mistério: No Cinquentenário da minha ordenação sacerdotal; em Março de 2003, Tríptico Romano Meditações, um livro de poesias; em maio de 2004, Levanta,Vamos; e, em fevereiro de 2005, Memória e Identidade, seu último trabalho.

É no livro Dom e mistério, onde João Paulo II fala dele mesmo como pessoa, não como Papa. Sabe-se que no ano acadêmico de 1938-1939, ele era um estudante da Universidade Jagellonica, Cracóvia, se associa ao grupo teatral "Estudio 38". Em novembro de 1941, participaria de sua primeira performance teatral: Król Duch ("Espírito Real") de Juliusz Słowacki. Dois anos depois, em março de 1943, interpreta o protagonista de uma obra do mesmo autor. Essa também seria a sua última aparição em cena pouco depois de entrar no Seminário.

Esses talentos de ator formados por este gosto, se prolongaram e fizeram com que milhões de seres humanos e o Papa entrassem em sintonia, e não somente os católicos. Não atuava, mas sabia comunicar uma mensagem e, na maioria dos casos, mais com gestos do que com palavras. Os encontros com as crianças, com os jovens, com a família, doentes, idosos ou presos eram lições de comunicação prática.

Pode ser anedótico, mas o fato tem sido chamado de "João" "Paulo" também nos faz pensar em dois dos primeiros apóstolos: São João e São Paulo. O primeiro, muito contemplativo, demonstrava isso nos muitos versículos falando sobre Deus como amor. Seu modo de evangelização foi a palavra escrita, teórica, por assim dizer. Para São Paulo a Palavra, além das escrituras, estava especialmente convertida no testemunho, como o primeiro Pontífice polonês. Uma e outra dimensão estavam em equilíbrio e diálogo, e são as duas sombras que nos permitem visualizar a figura do último Papa como o Grande comunicador, cuja principal contribuição nesta área foi o seu testemunho, sinal da fé e, como tal, comunicação convertida em evangelização que também nos desafia e lembra aquela máxima paulina: "Ai de mim se não evangelizar!".


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