Embora a temática de maio como Mês Mariano não se inclua no calendário oficial litúrgico da Igreja, a mesma acolhe e aproveita esta aclamação popular para evangelizar e ressaltar vários aspectos fundamentais da fé cristã católica. Aproveitando a cultura do Hemisfério Norte, que atribui a este mês o aspecto primaveril e busca iluminá-la sob o enfoque da fé cristã, maio torna-se o mês da mulher por excelência, a santa mãe de Deus, a Virgem Maria. Nela estão o modelo e as virtudes necessárias a toda mulher para uma vida saudável, feliz e em sintonia com seu único e verdadeiro salvador, Jesus Cristo.
Assim, afirma o documento: “Com a inculturação da fé, a Igreja se enriquece com novas expressões e valores, manifestando e celebrando cada vez melhor o mistério de Cristo, conseguindo unir mais a fé com a vida, e assim contribuindo para uma catolicidade mais plena, não só geográfica mas também cultural. No entanto, esse patrimônio cultural latino-americano e caribenho se vê confrontado com a cultura atual, que apresenta luzes e sombras. Devemos considerá-la com empatia para entendê-la, mas também com uma postura crítica para descobrir o que nela é fruto da limitação humana e do pecado” (DA nº 479).
Tempo de evangelização e anúncio de Jesus Cristo e seu Reino para as famílias que às nossas igrejas acorrem. Nossas crianças, de fato, se tornam anjos a apontar o caminho que nos leva a Jesus. Os andores com a imagem da Virgem e de Nosso Senhor percorrem as ruas e caminhos de nossos municípios, em procissão, recordando a todos, especialmente aos enfermos e aos afastados, que Deus se faz presente em nosso meio e caminha conosco nas estradas da vida.
O terço colocado nas mãos de Maria e em nossas próprias mãos recordam nossa necessidade de ir a Deus pela oração e santidade de vida. Os sinais que utilizamos nos recordam fatos e dons: a coroa recorda a vitória própria de quem correu e combateu o bom combate da fé; as flores lembram a comunidade, um grande jardim de Deus, onde a beleza está na diversidade das cores, na pluralidade das formas e na manifestação da unidade em meio à diversidade, aludindo, assim, à vida em comunidade: somos diferentes, pensamos diferentes, mas juntos podemos mais.
Maio recorda também as noivas, que buscando em Maria o exemplo das santas virtudes, podem se dedicar sempre mais e melhor ao projeto familiar que buscam consumar e, assim, formar lares felizes e abençoados pela presença de Deus mesmo. O matrimônio, sacramento de singular importância na história da Igreja, quer ressaltar para cada casal o compromisso sempre maior de sermos sinais da aliança com Deus, aliança inquebrantável, fiel e fecunda. Será muito importante fortalecer esse sacramento neste tempo de mudança de época, em que nem sempre ele é levado a sério.
É também o Mês das Mães: mulheres feito dom para que a vida possa surgir. Oferta de si em favor do próximo. Santuários da vida e do amor. Todas as mães podem buscar na figura de Maria o amor, a força e a dedicação para edificarem seus lares sobre o alicerce da fé e da justiça.
Maria traz para toda a Igreja e para a sociedade a importância e o valor da figura feminina. Seus dons e qualidades tão ímpares tornam nossa vida mais afetuosa e saudavelmente mais feliz. A figura de Maria devolve a todas as mulheres sua mais profunda dignidade e recorda-lhes o espírito de serviço à sociedade, de doação em favor da vida, de semeadoras da esperança onde falta o sentido.
Neste final de semana nós nos unimos a todas as famílias que fazem romaria a Aparecida, justamente para buscar o alimento que fortalece a vida familiar e conjugal, e que Maria sempre nos apresenta: Jesus Cristo, nosso Senhor. Toda verdadeira devoção mariana deve nos levar ao encontro com Cristo e a uma nova vida de obediência à vontade de Deus.
Estaremos também vivenciando nesta época a festa da Ascensão do Senhor, o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a solenidade de Pentecostes, precedida pela novena e pela Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos, entre outros acontecimentos deste rico mês.
Com Maria, mulher e mãe, trabalhemos por uma sociedade mais justa e fraterna, por um mundo novo, firmado na cultura da solidariedade que gera partilha, e sejamos discípulos sempre atentos à voz do Mestre e ao ouvir seu som, que se espalha em toda a terra. Como Maria, “façamos tudo o que ele nos disser”.
* Dom Orani João Tempesta, cisterciense, é arcebispo do Rio de Janeiro.
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