21 de janeiro de 2011

Cristãos precisam ser corajosos para anunciar a fé, defende Núncio

Leonardo Meira
Da Redação, com colaboração de Nicole Melhado



CNBB
Dom Lorenzo é Nuncio Apostólico no Brasil desde 2002

O Brasil ainda é um país no qual os cristãos gozam de liberdade de expressão de suas convicções e pensamentos. É nisso que acredita o Núncio Apostólico no país, Dom Lorenzo Baldisseri, que desempenha sua missão por aqui desde 2002.

Dom Lorenzo também já foi núncio na Índia e Nepal por quatro anos. Por lá, o cenário da liberdade religiosa é bem diferente: a Índia é considerado o segundo país na lista das dez nações onde a perseguição contra os cristãos é mais intensa,segundo um recente relatório divulgado pela Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).


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Do lado de cá do Atlântico, onde a cultura cristã ainda consolida um cenário de liberdade mais amplo, os cristãos precisam de um ingrediente fundamental: "Precisamos ter coragem, a coragem de anunciar Cristo. Não faltam espaços aqui. Creio que há suficiente liberdade. Precisa-se de coragem, força, ânimo, ter boa vontade de anunciar Cristo", salienta.



Segundo uma lei federal de 2007, a data de 21 de janeiro marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, parte do Calendário Cívico da União para efeitos de comemoração oficial. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) divulgou uma carta pela ocasião.



Nesta entrevista exclusiva ao noticias.cancaonova.com, Dom Lorenzo fala sobre intolerância religiosa e o futuro que se avizinha sobre o assunto aqui no Brasil. 



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noticias.cancaonova.com: O senhor foi núncio apostólico na Índia por quatro anos. Como é a vida dos católicos no país?

Dom Lorenzo Baldisseri: Estive quase quatro anos na Índia, incluindo também o Nepal, que é outro país. Lá, a Igreja é viva, pequena, é um pequeno rebanho, mas muito ativa e presente. Os católicos estão espalhados por todo o país e tem uma presença muito eficaz no âmbito espiritual e social, mas também com aproximação no âmbito político.


noticias.cancaonova.com: Que iniciativas práticas a Igreja, como um todo, pode ter para auxiliar na realidade dos países em que os cristãos são perseguidos?

Dom Lorenzo Baldisseri: A Igreja é uma, todos nos sentimos Igreja. Quando o corpo da Igreja – assim São Paulo nos apresenta, como um corpo –, quando um membro sofre, sofre todo o corpo. Portanto, nós mesmos participamos deste sofrimento, das preocupações, angústias, enfim, tudo aquilo por que está passando a Igreja perseguida. Acredito que é um momento difícil. Nós, que acreditamos na comunhão dos santos, no sentido de participação de todos os cristãos na mesma vida, sentimos que podemos fazer alguma coisa.

Em primeiro lugar, a oração, estar unidos, pedir que Deus dê força a esta Igreja. Segundo, ajudar com os meios à nossa disposição, seja enviando pessoas para lá – embora seja difícil –, seja através de recursos humanos, meios materiais, para que os irmãos daqueles lugares possam viver dignamente e prestar serviços sociais que são como, eu diria, uma presença já ativa, eficaz de Cristo no meio deles. Se nós pudermos pregar o Evangelho através das obras, já cumprimos nossa missão.


noticias.cancaonova.com: O senhor, que viveu em um país onde a perseguição era explícita, desempenha sua missão no Brasil, desde 2002. Aqui, já se apresentam sinais de "perseguição" na esfera moral. Como o senhor avalia a gravidade dessa possível perseguição moral em comparação com aquela que se traduz na violência?

Dom Lorenzo Baldisseri: O importante é poder ter liberdade de expressar o que é a nossa fé, as nossas convicções. E isso também no âmbito moral. É importante ter uma sociedade que possa aceitar as diferenças e acredito que aqui, no Brasil, existe esta liberdade. Cada um pode naturalmente expressar-se. Claro que as reações são diferentes, e precisamos ter argumentos racionais, da ordem natural, para poder oferecer uma alternativa de sociedade igualitária e, naturalmente, dar um conceito de vida que seja de esperança, para que os jovens possam ter um futuro melhor. Poder disponibilizar tudo aquilo que a Igreja oferece, e acredito que aqui temos todo o espaço. Precisamos ter coragem, a coragem de anunciar Cristo. Não faltam espaços aqui. Creio que há suficiente liberdade. Precisa-se de coragem, força, ânimo, ter boa vontade de anunciar Cristo.

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