14 de janeiro de 2011

Falta de planejamento é maior causa de tragédias por chuvas



Segundo em especialista em Gestão Ambiental, Marcelo Manara, falta de planejamento urbano é o maior responsável pelas tragédas das chuvas
Todos os anos o Brasil sofre com os problemas das enchentes ocasionadas pelas chuvas de verão, mas particularmente neste início de 2011 todos ficaram chocados com as proporções das tragédias. Mas segundo o engenheiro agrônomo, mestre em Gestão Ambiental, e assistente do Ministério Público, Marcelo Manara, esses desastres poderiam ser evitados com um correto planejamento urbano.

“Essas tragédias podem ser evitadas mediante um conjunto de iniciativas que há tempos deveriam ter sido providenciadas pelo poder público”, enfatiza o especialista.
Acesse.: Podcast: Engenheiro do Ministério Público fala sobre problamas das chuvas http://img.cancaonova.com/noticias/portal/play_audio.jpg
Segundo ele, a recorrência dessas crises derivadas de desastres naturais tendem a se agravar na medida em que os municípios avançam sobre as áreas de significância ambiental e o poder público insiste em não planejar as ocupações e não atuar na coibição da ocupação dessas áreas.

Principalmente as tragédias ocasionadas pelas inundações sazonais, que atualmente são quase cotidianas, poderiam ter sido evitadas, ressalta o engenheiro.

Obras de infra-estrutura

Existem obras de infra-estrutura que podem ajudar no escoamento das águas das enchentes, as quais devem ser diagnosticadas pelos municípios e estados, em um plano diretor de drenagem.

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2008, do IBGE, quase 30% dos municípios brasileiros sofrem anualmente com as inundações, dentre esses, 60%, pela ausência de escoamento de água superficial no ambiente urbano. “Temos tecnologia, conhecemos o caminho, só não exercitamos no tempo e na medida devida. O plano diretor de drenagem deveria ser elaborado em todos os municípios”, afirma Marcelo Manara.

Ao longo de centenas de anos, muitos municípios não revisaram suas estruturas de escoamento fluvial e saneamento básico, não comportando as necessidades da população crescente e do desenvolvimento econômico. “Historicamente ocupamos áreas vulneráveis e não temos a cultura de planejamento urbano”, destaca o engenheiro.

Para o especialista em gestão ambiental, todos municípios e estados devem oferecer as informações básicas necessárias, apresentadas em um plano diretor de macrodrenagem, um mapa de vulnerabilidade e risco, e um mapa ambiental indicando as áreas de preservação permanente e os recuos dos córregos, onde o tecido urbano não pode avançar.

O problema do lixo

A participação da população é cada vez mais necessária. O especialista explica que todo papel ou garrafa jogada na rua contribui para entupir os bueiros, dificultando a drenagem. “O pouco eficiente sistema de drenagem fica comprometido pela displicência da população ao dispor o lixo inadequadamente”, enfatiza Manara.

Também a correta deposição dos entulhos deve ser atentamente considerada, pois logo com a primeira chuva, o entulho jogado nas beiras dos rios escorrem para os córregos, promovendo o assoreamento e assim “o ciclo de desastres ambientais se perpetua”, garante o engenheiro.

Sinais de risco

O assistente técnico do Ministério Público alerta para os primeiros sinais visíveis de possíveis áreas de risco. O aparecimento de trincas nas paredes e rachaduras no asfalto, em especial nas áreas de encostas, são indícios claros de riscos imediatos. “A simples ocupação na beira de um rio já é o maior indicativo que existe um risco potencial”, explica.


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