28 de março de 2011

Como deve ser a relação entre os assessores da Igreja e os jornalistas?

 

Na tarde de sábado, 26, no IV Encontro Nacional de Jornalistas, em Brasília, os agentes de comunicação da Igreja no Brasil participaram de um Midia Training sobre “Estratégia de qualificação de porta-vozes”, com o professor da PUC-Minas, Mozahir Salomão e, o jornalista da TV Senado, Ronaldo Martins.
Os palestrantes destacaram a importância dos jornalistas prepararem o “porta-voz” da Igreja na hora de dar entrevista. “Conversar sobre o assunto, pensar em estratégias, avaliar questões que o jornalista deverá fazer.
"Ser o 'advogado do diabo', se necessário”, apontou e brincou Mozahir Salomão.
“É necessário acompanhar tudo que for publicado, mas não é necessário responder tudo”, destacou Ronaldo. A Igreja, assim como outras instituições, precisa estar preparada para os mais diversos assuntos a serem publicados pela mídia.
“É necessário estar atento às entrevistas, porque toda entrevista é um embate”, apontou Mozahir. Os assessores de imprensa, assim como padres e bispos, precisam manter um bom relacionamento com a imprensa, mas estar ciente de que o jornalista busca uma informação “vendável”, uma “informação produto”, apontaram os palestrantes.
Frases e informações destaques da palestra

O que querem os jornalistas?
  • “O trabalho do jornalista resulta de operações de desconstrução de real e da tentativa de representá-lo narrativamente”;
  • “Para fazer isso, ele mobiliza técnicas muito específicas e uma deontologia própria de sua profissão – o que ele constrói resulta da tentativa de uma objetivação do real, mas inevitavelmente opera esses procedimentos de maneira subjetiva”;
Ronaldo Martins sobre entrevista:
  • “é um risco e oportunidade. Toda entrevista é um embate. O jornalista quer transformar o produto em um produto vendável, atraente”
Busca pela novidade, de amplo interesse:
  • “Se for uma história impactante, melhor ainda”;
  • “O jornalista procura sempre uma boa história”;
  • “Enquandramentos e emoldurações muitas vezes se tornam, para o entrevistado, incompreensíveis e/ou injustas”;
  • “A dor da gente não sai no jornal” - citando Chico Buarque.
Sobre relações fonte/entrevistado e repórteres:
  • “Nem arrogância, nem humildade”;
  • “Contato profissional e ético”;
  • “O tratamento dispensado a repórteres deve ser igual para todos”;
  • “Transparência é a melhor postura”;
  • “Seja cordial, mas evite a intimidade”;
  • “Cuidado. Às vezes você pode ser entrevistado ou fonte… saiba cuidar disso”.
Sobre notícia: produto fabril e efêmero:
  • “Notícia é um produto á venda”;
  • “É resultado de rotinas de produção fragmentadas”;
  • “A notícia dá conta do singular, não do processo – o particular”;
  • “A pauta é uma possibilidade, uma tese que, muitas vezes, tem que ser comprovada a qualquer custo”.
Sobre emergências, crises e assunto público:
  • “Um fato inesperado e que não é positivo para a imagem da empresa exige ação/reação rápida e certeira. O primeiro passo é não errar na dose”;
  • “Mas nem sempre a avaliação a respeito dessa situação é tão simples assim. Muitas vezes o que se imagina ser pontual é, na verdade, um sintoma de uma questão bem mais complexa ou de uma crise que está se instalando; resumindo: nessas situações é imprescindível um diagnóstico correto e bem dimensionado”.
Sobre emergência:
  • “Ocorrência súbita, geralmente inesperada e que requer atenção imediata. Indica um acontecimento relevante e que se torna uma ameaça a imagem e também aos negócios da empresa. Muitas vezes, uma situação de emergência pode deflagrar, em termos da opinião pública, um debate a respeito de algo que envolve diretamente a empresa.

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