Rodrigo Gurgel mantém um blog voltado a temas relacionados a literatura e religião. Ele nasceu em Jundiaí (SP) e hoje mora em São Paulo. Tem 51 anos e godta de ler especialmente livros de patrística e texto do cardeal Ratzinger – o Papa Bento XVI.
O blogueiro ainda não sabe se poderá participar
do encontro no Vaticano. Jovens Conectados conversou com ele sobre seu trabalho e sobre a importância da evangelização. Veja a seguir a entrevista:
do encontro no Vaticano. Jovens Conectados conversou com ele sobre seu trabalho e sobre a importância da evangelização. Veja a seguir a entrevista:
Jovens Conectados: Quando você começou a blogar? Por quê?
Rodrigo Gurgel – Comecei a blogar há muitos anos, movido pelo simples prazer de escrever. Na verdade, sempre escrevi, seja em termos profissionais (fui jornalista em minha cidade natal), seja por necessidade íntima.
Jovens Conectados: Quais os propósitos do blog?
Rodrigo Gurgel: Meu blog pretende falar de literatura e Humanidades (no sentido de estudo das letras clássicas), mas sob uma perspectiva eminentemente crítica, que procura se manter afastada do senso comum e do relativismo presente na cultura contemporânea.
Jovens Conectados: Como você concilia trabalho, estudos, vida social, vida de oração e blog?
Rodrigo Gurgel: – Como trabalho em minha residência, fica fácil conciliar todos esses elementos. Como afirma meu diretor espiritual, um monge beneditino, eu vivo, praticamente, uma vida monástica. Assim, começo o dia rezando Laudes. Depois, trabalho (não só o trabalho intelectual, mas também alguns afazeres da casa), com um intervalo para o almoço. No final da tarde, rezo o Ofício das Leituras e Vésperas. Quando há solenidades durante a semana, vou à missa. À noite, reservo algumas horas para o convívio familiar, mas muitas vezes sou obrigado a continuar trabalhando ou prefiro ler. Termino meu dia rezando Completas e fazendo a Lectio Divina.
Jovens Conectados: Por que evangelizar por meio da internet?
Rodrigo Gurgel: Creio que a pergunta central é “por que evangelizar?”. Sob meu ponto de vista, a internet é apenas um dos inúmeros meios disponíveis. O meio, na verdade, não importa. O fundamental é que anunciemos Jesus Cristo às pessoas, mostrando a elas que a Verdade está ao alcance de todos.
Os homens, hoje, estão fragmentados – e muitos acreditam que não há verdadeiros valores a serem vividos e defendidos. Há uma cisão do pensamento e do próprio homem, que olha com desconfiança para tudo o que se apresente como uma totalidade. Isso produz efeitos nefastos na ética, no comportamento cotidiano das pessoas. Muitos separam fé e vida cotidiana, como se fossem duas coisas diferentes. É como se eles dissessem: a fé eu vivo durante a missa, aos domingos, mas no dia a dia preciso ser como todo mundo é.
A maioria, hoje, está despreparada para decidir entre o certo e o errado, o falso e o verdadeiro, pois o que nos ensinam – em família, nas escolas, nas universidades, nas notícias veiculadas em todos os meios de comunicação – é que tudo é relativo, e que a verdade depende do ponto de vista de cada um.
Diante de um mundo assim, no qual a ciência foi transformada em deus, evangelizar tornou-se uma tarefa urgente – uma necessidade para todos aqueles que se consideram cristãos. Não podemos mais aceitar a apostasia silenciosa que se difundiu nos últimos anos. O papa Bento XVI, em 1992, quando ainda era cardeal, já afirmava que a descristianização da sociedade havia chegado a níveis inimagináveis, e que se fazia necessária uma nova evangelização, que se dirija às pessoas afastadas do cristianismo e impregnadas de secularismo.
É preciso mostrar que a Igreja possui verdades e respostas definitivas aos anseios, às dúvidas e às angústias dos homens. E não podemos aceitar, ainda citando Ratzinger, a redução do cristianismo a um mero espiritualismo, ou “uma espécie de divertimento intelectual”, capaz de falar de coisas transcendentes, mas sem forças para penetrar e mudar a vida concreta do homem.
Nosso dever, enquanto católicos conscientes, é não ter receio ou medo de anunciar a Verdade. Não podemos nos preocupar se a radicalidade do Evangelho não é exatamente a mensagem que a humanidade relativista quer ouvir. Não devemos nos preocupar com conversões em massa ou com estatísticas. Tenho de anunciar Cristo, mostrar a minha fé e tomar uma decisão que, como disse o cardeal Ratzinger, "diz respeito a toda a estrutura da vida, repercute no meu âmago. É uma decisão relacionada com toda a orientação da minha própria existência: como vejo o mundo, como eu próprio quero ser e como hei de ser”.
Portanto, se a internet se oferece como um dos meios disponíveis, devemos aproveitar a sua rapidez, a sua agilidade, a sua natureza democrática, as suas redes sociais, e nos contrapor, também nesses espaços, à mentira, ao ateísmo e, por que não?, ao pecado.
Jovens Conectados: Quais são as maiores dificuldades que você já encontrou em sua atividade de blogueiro?
Rodrigo Gurgel: – Apenas gostaria de ter mais tempo para me dedicar aos assuntos que realmente amo. Gostaria de dedicar-me exclusivamente à Igreja.
Jovens Conectados: E as maiores alegrias?
Rodrigo Gurgel: – A maior alegria é perceber que há grande receptividade para o pensamento cristão. As pessoas, na verdade, estão desnorteadas. Mas quando você mostra que a Igreja, Esposa de Cristo, tem a Verdade para oferecer, uma verdade que se baseia no Amor e abarca todos os compartimentos da vida; e que essa Verdade tem o poder de mudar concretamente a vida das pessoas; e que o relativismo (inclusive em termos morais) é uma mentira que fere o centro da própria vida humana; então, as pessoas saem da indiferença e do cinismo. Elas nos contestam e ou adormecem definitivamente ou acordam – e quando acordam, redescobrem o júbilo, a profunda alegria da mensagem evangélica. E começam a realmente viver. Como disse Bento XVI na sua encíclica Spe Salvi, “o encontro com Deus desperta a minha consciência, para que deixe de fornecer-me uma autojustificação, cesse de ser um reflexo de mim mesmo e dos contemporâneos que me condicionam”.
Jovens Conectados: Você quer acrescentar algo mais?
Rodrigo Gurgel: – Se você me permite, gostaria de terminar com outra citação da Spe Salvi. Nela, Bento XVI cita Santo Agostinho, que disse: “É o Evangelho que me assusta”. E o Papa completa: “Aquele susto salutar que nos impede de viver para nós mesmos e que nos impele a transmitir a nossa esperança comum”. É o que procuro fazer da minha vida: viver esse “susto” todos os dias; viver impelido por esse “susto” abençoado – o susto da Verdade.
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